quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Noite de Natal, versão do João do Eduardo e do Thomas

Acto I

Cena I
Jardim

(Joana dança no jardim) Alunas a cantar

Cena II

Muro

(Joana encontra um amigo)

Joana (contente)—Bom dia!
Manuel(sorrindo)— Bom dia!
Joana — Como é que te chamas?
Manuel—Manuel.E tu?
Joana— Eu chamo-me Joana.

( Sino a tocar)

Cena III
Jardim

( Manuel admirado)

Manuel (admirado)— O teu jardim é muito bonito!
Joana (feliz)— É. Queres ver?
Manuel (excitado)— Se não incomodar.
Joana— Não, claro que não.

( Manuel entra)

Manuel (boquiaberta)— É lindo, é lindo.
Joana (explicando)— Aqui é o cedro. É aqui que eu brinco.

(apito da fábrica)
Manuel (triste)—Meio-dia.Tenho de me ir embora.
Joana (interrogando)—Aonde é que tu moras?
Manuel (respondendo)—Além nos pinhais.
Joana —É lá a tua casa?
Manuel—É mas não é bem uma casa.
Joana—Então?
Manuel (tristonho)—O meu pai faleceu . Por isso somos muito pobres. A minha mãe trabalha todo o dia mas não temos dinheiro para ter uma casa.
Joana (curiosa)—Onde é que dormes?
Manuel—O dono dos pinhais tem uma cabana onde dorme uma vaca e um burro. E por esmola deixa-me dormir ali também .
Joana ( preocupada ) —E onde brincas?
Manuel (explicando)—Brinco em toda a parte. Dantes morávamos no centro da cidade eu brincava no passeio e nas valetas. Brincavam com latas vazias , com jornais velhos, com trapos e com pedras . Agora brinco no pinhal e na estrada. Brinco com as ervas, com os animais e as flores.
Joana (com pena)— Mas eu não posso sair deste jardim. Volta amanhã para brincar comigo.


( Joana despede-se)
Acto II

Cena I

Sala de jantar
(É Natal.)

Cena II
Corredor
(Joana conversa com a criada)

Joana — (excitada) Ainda falta muito tempo para o jantar?
Criada — Ainda falta um bocadinho, menina.

Cena III
Cozinha
(Joana vai falar com a cozinheira)

Joana — Gertrudes, ouve uma coisa.
Gertrudes — (com cara assada) O que é?
Joana — (curiosa) Que presentes é que achas que eu vou ter?
Gertrudes — Não sei. Não posso adivinhar.
Joana — E que presentes é que achas que o meu amigo vai ter?
Gertrudes — (um bocadinho confundida) Qual amigo?
Joana — O Manuel.
Gertrudes — O Manuel não. Não vai ter presentes nenhuns.
Joana — (espantada) Não vai ter presentes nenhuns?
Gertrudes — Não.
Joana — Mas porquê, Gertrudes?
Gertrudes — Porque ele é pobre. Os pobres não têm presentes.
Joana — (ultrajada) Isso não pode ser, Gertrudes.
Gertrudes — Mas é assim mesmo.

(Joana fica espantada)
Cena IV
Sala de Jantar

Criada — (abrindo a porta) Já chegaram os primos.

(Festa de Natal)

Todos — (felizes) Bom Natal!
Joana — (confirmando-se) Com certeza que a Gertrudes se enganou. O Natal é uma festa para toda a gente. Amanhã o Manuel vai-me contar tudo. Com certeza que ele também teve presentes.
Primo — (puxando Joana pelo braço) Joana, ali estão os teus presentes.

(Joana abre os presentes)
Joana — Talvez o Manuel tenha tido um automóvel.
Adulto — (ensonado) São onze horas e meia. São quase horas de missa. E são horas das crianças se irem deitar.

(Toda a gente sai menos a Gertrudes e a Joana)

Pai e Mãe — Boa noite minha querida. Bom Natal.

(fecha-se a porta)

Cena V
Cozinha

Joana — Bom Natal, Gertrudes.
Gertrudes — Bom Natal, Joana.
Joana — (preocupada) Gertrudes, aquilo que disseste antes do jantar é verdade?
Gertrudes — O que é que eu disse?
Joana — Disseste que o Manuel não ia ter presentes de Natal porque os pobres não têm presentes.
Gertrudes — Está claro que é verdade. Eu não digo fantasias: não teve presentes, nem árvore de Natal, nem peru recheado, nem rabanadas. Os pobres são pobres. Têm a pobreza.
Joana — (triste) Então como foi o Natal dele?
Gertrudes — Foi como nos outros dias.
Joana — E como é nos outros dias?
Gertrudes — Uma sopa e um bocado de pão.
Joana — (desconfiada) Gertrudes, isso é verdade?
Gertrudes — Está claro que é verdade. Mas agora era melhor que a menina se fosse deitar porque é quase meia-noite.
Joana — Boa noite.

(Joana sobe para o quarto)

Joana — Uma boneca, uma bola, uma caixa de tintas e livros. São tal e qual os presentes que eu sempre quis. Mas ao Manuel ninguém deu nada.
Joana — (triste) “Que frio lá deve estar. Que escuro lá deve estar. Que triste lá deve estar.”
Joana — Amanhã vou lhe dar os meus presentes.
Joana — “Amanhã não é a mesma coisa. Hoje é que é a Noite de Natal.”

(ouvem-se as badaladas da Igreja)

Joana — “Hoje. Tenho de ir hoje. Tenho de ir lá agora, esta noite. Para que ele tenha presentes na Noite de Natal.”

Cena VI
Jardim

(Joana sai de casa mas os cães ladram)

Joana — Sou eu, sou eu.

(Joana abre a porta do jardim e sai)

Acto III

Cena I

Rua de Noite


Joana (pensa) — “ Tenho medo”
Joana — “ Será possivel que eu chegue lá?”
Joana — “ Tenho muito frio”
Joana — “ Como hei-de encontrar o caminho para a cabana”

Cena II

A estrela

( a estrela aparece )

Joana(pensa) — “ Esta estrela parece um amigo”.

( Joana segue a estrela)

Cena III

O encontro com os Reis magos

( Joana ouve passos)

Joana ( pensa) — “ Será um lobo?”
Joana— (Será um ladrão?)

( Aparecimento do Rei Melchior)

Joana ( espantada ) —Boa noite.
Melchior—Boa noite. Como te chamas?
Joana—Eu, Joana.
Melchior —Eu chamo-me Melchior. Onde vais a esta hora da noite?
Joana (explica)—Vou com a estrela .
Melchior(explica)—Também eu, vou com a estrela.

(Aparecimento do rei Gaspar)


Joana (espantada) — Boa noite. Chamo-me Joana e vou com a estrela.
Gaspar—Também eu, vou com a estrela e o meu nome é Gaspar.
(Aparecimento do rei Baltasar)


Joana (excitada)— Boa noite. O meu nome é Joana. E vou com a estrela.
Baltasar—Também eu caminho com a estrela e o meu nome é Baltasar.


Cena IV

O presépio


Joana ( boquiaberta) — A!! Aqui é como no presépio!!
Baltasar ( espantado) —Sim, aqui é como no presépio!

( Joana ajoelha-se e pousa os presentes)

Mús.Canção de Natal

Sem comentários: