terça-feira, 8 de abril de 2008

A casa branca

Era uma noite escura e tempestuosa.
Na casa branca vivia uma rapariga muito bonita. Tinha cerca de 20 anos e vivia sozinha desde muito nova. Chamava-se Diana.
Trabalhava na horta da sua vizinha rica para angariar dinheiro. O seu grande sonho era conhecer o seu pai que partiu quando ela ainda era nova. Lembrava-se ainda de ver os pais a discutirem.
Diana nunca tivera medo das tempestades desde pequena.
Estava sentada a ler um livro no sofá preto quando ruídos estranhos lhe invadem a concentração.
Eram sons de um rádio estragado ou de uma televisão mal sintonizada.
-Quem está aí? -Gritou Mas só o trovão e a chuva lhe responderam.
Seria um ladrão? Pensava. Na rua havia muitos ladrões e houvera muita gente que fora assaltada. Sempre que Diana pensava nisso D. Alzira dizia:
-Não se preocupe, a menina é tão teimosa que quem a raptasse passados dois minutos voltaria de novo.
Mas e se lhe espetassem uma faca e se a atirassem ao mar ela não sabia nadar.
Adormeceu no sofá ainda com o livro na mão.
De manhã acordou. O sol iluminava sala, já não chovia.
Vestiu-se e foi para a horta.
Passaram dias e dias e Diana continuava a adormecer no sofá preto com um livro na mão, a ir à horta, a apreciar a trovada à noite e o sol de manhã. Mas, apesar de tudo, continuava com a vida.
Adorava ir à horta. Fazia um favor à sua melhor amiga, a D. Alzira. Dava-lhe miminhos e ajudava-a sempre: era como uma mãe.
Uma manhã como todas foi à horta. Na noite passada não tinha chovido. D. Alzira disse:
-Cava um grande buraco vamos plantar cenouras para ti.
Cavou um buraco e plantou cenouras.
No fim D. Alzira deu-lhe um papel para assinar. Era o direito para a propriedade das cenouras. Há muito tempo que não assinava um papel. A última vez foi quando comprara a casa branca.
Ao assinar reparou no apelido da D. Alzira, era igualzinho ao seu. Diana era burra mas não o suficiente.
-Como tem o mesmo apelido que eu? – perguntou.
-Senta-te, há uma coisa que tens que saber -disse baixinho
.Diana sentou-se sem saber o que pensar.
-É que… eu sou tua avó. Diana desatou a correr com raiva e rancor.
Ao chegar a casa atirou-se par cima da cama. O seu sonho tornou-se num pesadelo, já não tinha o desejo de conhecer nenhum familiar seu.
A campainha tocou. Era com certeza a D. Alzira a sua avó. Levantou-se e abriu a porta e começou a berrar:
-Porque nunca me contou? PORQUÊ eu sempre estive sozinha -exclamou a chorar.
Passaram a noite a falar.
O pai de Diana era escritor. Ele não queria que a avó de Diana se revelasse porque a imprensa saberia que ele tinha abandonado uma filha.
O pai morrera uma semana atrás e D. Alzira aproveitara.
Diana passou a viver com a avó.
E desde ai tornou-se também escritora.
O Seu sonho realizara-se estava agora feliz!

Sem comentários: